quarta-feira, 9 de junho de 2010

O Processo Lilás

procuro no passado paraísos
apagados em algum ponto onde o medo encontra a nostalgia
procuro alguém só pra quebrar um galho e cair das nuvens
comer a fruta proibida no quintal de eva


No corre-corre cotidiano, sinto o gosto de mofo exposto no rosto de todos.
Vejo gênios presos em lâmpadas com seus egos cheios de gás hélio.
Nenhum ombro amigo quando você mais precisa porque na vida real não há coadjuvantes, todos são principais, apenas conservantes e CONSERVADORES.

Toda relação é uma competição: agressividade subliminar, teatro de mau gosto que no meio do furacão separa as aparências do verdadeiro valor.
O protagonista fica só em cena. As luzes acendem e não há ninguém na platéia.

O pequeno lobo desfila na noite vazia vigiado pela lua.

Às vezes o pequeno lobo cai nas próprias armadilhas quando inventa um mundo só dele, perfeito, onde só cabe um personagem.

Talvez um fantasma.

E, como se sabe, o personagem não é criado pelo sonhador.

Todo sonho já foi sonhado e o povo interfere na trama.

O público fere a trama e fere o pequeno lobo.

Não é preciso trocar de fantasia. Não é preciso trocar um deus por outro de nome mais exótico.

O pequeno lobo fareja.

Sente cheiro de sangue, carne, cerveja, cigarro, perfume.Sente cheiro de gente, vulgar, sublime...

E o coelho foge assustado, olhando para sempre no relógio.

Transforma sua dor em doce de leite.

E derrete, derretido e acorda mais vivo.


Como carne. Vermelha, branca ou lilás. Qualquer uma!, menos moela: é que odeio miúdos, miudezas, picuinhas. Meu espírito é épico, mas meu corpo é lírico e limitado. Ninguém perguntou nada, mas eu vou falar. Agora todo mundo pode falar um pouco sobre nada. Confesso que abandono livros e pessoas pela metade e jogo fora o miolo do pão – faço uma bolinha e arremesso!, livros e pessoas pela metade. Confesso que procuro uma Nova Metade: maior que a Primeira e menos cítrica – do tamanho do Céu Laranja confortável e casual com cheiro de erva-doce.

sorriu um sorriso amarelo quase contido quase consigo piscar os olhos tensos suas mãos atadas nos bolsos da calça desbotada peledesabotoada por um impulso quase otimista de quem compra convites antecipados pincela verdades enlatadas vacas atoladas até o pescoço horroroso da vera fisher só ficou o nomea agressividade dos ressentidos com o tempo leva os teletubbies ou terei de ser mais redondo e estupidamente gelado e óbvio como flores sem sair do lugarafirmando incertezas com toda clareza e sofisticação quase coerente quase natural quase original

Metódico & farto de si & cheio de dúvidas & dívidas & sonhos óbvios & frases feitas & gestos comuns & pensamentos circulares – obsessivos (liberdade fechada em si mesma) – era assim que era Eu agora como todo mais-um da face da Terra!, Tenho sorte? Que Eu é mais forte? O Eu linguístico, editado, virtual – ou – o Eu carne-osso, de movimentos desajeitados, humanos? Tem um Deus em cada Eu? Ou tem um Eu em cada Deus Ególatra? Ou dá na mesma? Ou não dá em Nada? Corra!, os Andróides estão entre nós, disfarçados de surfistas de Cristo, vendedores da Avon, representantes da HerbaLife, funcionários sorridentes do Pão de Açúcar, Silvios Santos, Hebes Camargos, Robertos Injustus, Lulas, Serras, Mariahs Careys... Mas Eu não! Eu sou orgânico, espontâneo, lúdico, puro, sutil, viril, modesto e belo. O Andróide é Você.


debaixo de cada tapetede cada sala ausente
enquadro os ossoso grito é de dor e alegria
no gueto estréia um novo espetáculo
de sangue vermelho-sangue de jesus cristo
o sorriso (palavra preferida do autor)é belo e inútil
eterna e feliz paisagem
acordo, grito!, acordo

ARIEL

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