segunda-feira, 11 de junho de 2012

A CANTORA CARECA - Para Nossa Alegria !




Hoje fui  ver  teatro  ,  Teatro !
Cheguei cedo  , os vi no palco ,  no meio de um cenário lindo , feito por uma das atrizes , Lídia dos Santos, que conheci em São Paulo no Encontro Ademar Guerra , já sabia que ela fazia arte com material reciclável , mas não tinha visto seu trabalho tão lindo e tão vivo , num espetáculo onde essa artista se  revela .
Em Mirassolândia , cidade que comemora a semana do seu aniversário com uma programação artística bem diversificada e que espera  o terço na igreja acabar para iniciar a apresentação ,  na expectativa de um público maior . Uma hora depois  e terço acabado a porta do clube se abriu e eu entrei agora para vê-los em cena .
Me senti mau no começo , no palco uma imagem linda sem propósito , onde os atores  conversavam “disfarçadamente “ como se eu não os pudesse ver , e não era proposta,  era ruim , ao mesmo tempo  um chá sem açúcar era servido e tirava caretas do público na entrada  , uma boa ideia feita com timidez , realmente fiquei triste pois via figurinos  , maquiagem , cenário ,marca inicial , tudo lindo e  perdido antes mesmo deles abrirem a boca por  falta de energia e concentração .
Surgem então  movimentos ao som de Amy Winehouse , novamente uma boa ideia mau executada , e assim segue , marcas interessantes , tudo lindo , mas não me despertam sensações  , um quadro lindo pendurado na parede , apenas  ( alguns quadros me contam muito, mais que muitos espetáculos ).
Sabia que era uma segunda apresentação depois da estreia na cidade do grupo , Batatais .
Aí me vem novas questões : Que maravilha um grupo de uma cidade no interior  fazer um espetáculo com um cuidado estético  evidente ,  uma proposta quase que ousada ,  ali na minha frente . Me lembrei do Projeto Ademar Guerra , me veio imagens de todo um ano de pesquisa , trabalho e processo  .
Sinto que muito foi idealizado por uma mão que pode determinar ao elenco algo sem ao menos permitir que eles respirarem , eles também não se permitem , mas sem ao menos parar para ver o que está sendo feito  , apenas cumprem , isso eles fazem , cumprem , mas não me chega , fica na moldura .
Será meu Deus que estou sendo muito crítico ? Lembrei também de quando ia ao teatro e tudo o que via me emocionava , só pelo fato de ser  teatro , mas hoje está tudo tão diferente , a maioria do que vejo eu não gosto , vejo defeitos e formas melhores de  fazer ,  mas melhor pra quem ? pra mim ? o que as pessoas querem ver ? o que quero fazer ? pra quem ?
O grupo faz o que quer e de uma forma legal , mas certas coisas o Zorra Total já faz , pra que repetir isso então ?
Pensei em tanta coisa , afinal como espetáculo não me pegava ,me senti no direito de pensar  . Mesmo com as atrizes se esforçando , hora ou outra alguma coisa engraçada aparecendo  - como uma criança pedindo teta com um corpo bem resolvido , a Lídia que me surpreendendo  com seu texto literalmente cantado , mas isso não bastava , não era o suficiente ,estava chato .
Conversei sobre isso no último encontro com nosso orientador , na separação do  teatro entre chato e não chato , mas sempre fico em dúvida se posso fazer isso , se não estou determinando ou defendendo algo que somente eu acredito , mas se eu acredito já tenho motivos para defender , não é mesmo ? Enfim , o que é certo ou não , se é ou  não chato  , senão para mim ?
De repente uma figura entra pela plateia , me tira o cansaço , causado também por um não plano de luz - acho que o grupo não se preocupou com isso ainda , era feito algo como se queria por alguém que experimentava a partir do que via , mas não colaborava , a luz era errada ( novamente repito – para mim )-   , o som também mau operado . Esses recursos devem colaborar e não atrapalhar o que já é difícil de fazer , mas uma empregada entrou em cena e me fez acordar , ela gritava , era uma figura muito interessante , eu gostava , mesmo ela dizendo um texto daquela forma , me parecia também errado , mas ela fazia o que queria naquele momento e eu comaçava a gostar , em seguida estavam todos sentados , apenas essa empregada que conduzia  outra boa ideia desta vez muito bem executada , eles se mostravam seguros , pondo em prática uma ideia onde todos se divertiam  , vozes , movimentos , sem preocupação em acertar uma marca , relaxado , verdadeiro , engraçado , enquanto se servia um chá sem açúcar ...  Ai meu Deus !!! Me pegou !!! Que bom ,eu não sou tão ruim e exigente assim !!!
E assim seguiu , mais interessante , mais ainda mostrando muita deficiência em coisas amadoras , sim o Projeto Ademar Guerra e o teatro amador , mas eu não posso chamar aquilo de amador , tem tanta beleza , referência , bom gosto , um bom caminho , e parece estar sendo feito com muito amor . Não ! Erros amadores sim , saídas inacabadas , seres humanos se mostrando , abandonando completamente suas personagens antes de chegar nas coxias , figuras paradas criando vida em momentos errados , saindo de cena , pensando não poder ser visto , saindo de um quadro , indo até o camarim fazer sei lá o que , voltando e saindo de novo enquanto uma cena rolava na frente . Não ! EU TE VI !!! Fui lá te ver , você tava em cena e no palco você fica ENORME e me mostra exatamente o que você é , não acredite que você pode se esconder assim tão facilmente .
Coisas boas apareciam , soltas no meio de tantas ideias boas e aí ... termina , sem parecer , sem se finalizar .
Lembrei de alguém que me disse : Um bom espetáculo tem uma boa cena no começo e um grande final . E quando se tem  um começo ruim , um meio interessante e um final ruim ? Não gostei !
Quando terminou escutei na coxia vidros caindo e quebrando , imaginei a bandeja com as xícaras de chá no chão , pensei  talvez fazer parte da cena , mas percebi que não quando a atriz volta para os aplausos com os olhos vermelhos segurando um choro que eu particularmente não teria força para segurar . Naquele momento vi muita beleza , mais ainda quando percebi que a Lidia dividia a mesma sensação e se segurava pra não soltar as lágrimas e as feras de alguém que tava o tempo todo em cena dando duro , tentando fazer bonito e fazer o que se preparou pra fazer , enquanto eu critico tudo ,acho tudo errado . O que está acontecendo comigo ? Só naquele momento sensações verdadeiras chegaram até mim e me senti bem com isso , depois de muito me sentir mau em assistir algo criticando tudo .
Sem dúvida foi esse o momento mais lindo , eles não me agradaram mas tentaram , tava ali estampado no rosto das meninas que talvez desastradamente quebraram tudo ao enfim sair de cena, depois de quase uma hora , mas penso que apenas tentar não é o suficiente .
Terminou , aplaudi , de pé , como artista que também sou ,com respeito , mas não tive vontade de conversar com o grupo depois , estava me sentindo mau por achar tanta coisa ruim.
Senhores do grupo:  escrevo isso como um exercício meu , onde busco expressar minhas sensações a partir do que vejo , entender o que essa arte me traz através das diversas pessoas que se propõem fazer . Não tenho como objetivo criticá-los e nem me tornar um crítico de teatro , apenas gostaria que soubessem caso leiam isso , que também estou em processo e diariamente penso muito nisso , acho muito difícil o que estou fazendo , prazeroso  mas difícil , exige rigor , preparo , doação , cumplicidade e coisas que busco mas ainda nem conheço . Percebo neste espetáculo um ano de trabalho bem aproveitado na busca de linguagem , de uma cara para  se contar este texto , de boas escolhas estéticas , em levantar um espetáculo ,numa adaptação repleta de boas sacadas “ Para nossa alegria “, mas sinto que muito ainda pode ser feito , em jogos para deixá-los a vontade no meio de tantas marcas .Que vocês consigam fazer isso respirando e essa respiração pode ser a solução para todos os problemas que aqui falei , não se esqueçam que estão em cena , e eu te vejo moço do texto não decorado que se atreve a abrir a boca num texto dado em coro , te vejo moça displicente que insistem em mexer no colar desesperadamente enquanto sua amiga se mata para chamar minha atenção na cena dela , os vejo , mesmo com uma luz mau operada e mesmo com um cenário lindo eu os vejo , pois saí de casa para isso , para vê-los para ver TEATRO e concluo  que o ator é o teatro  . No carro voltando pra casa eu pensei  : prefiro teatro feito de calça e camiseta mas vivo !
Amanhã pretendo levar meu grupo para ver um espetáculo para crianças feito por uma galera cheia de  verdade  latejando  nos olhos e que toca minha pele o tempo todo . “Apolo , Sir Gaia , Chuvisco e agora Madame Popo “  , é maravilhoso, mas amanhã quem sabe eu também fale desta experiência , já os vi em outra ocasião e fiquei muito feliz em ver essa turma que também recebeu orientação pelo Projeto Ademar Guerra fazendo lindo na minha cidade .
Hoje eu fico com “ A Cantora Careca “ do grupo Todas Tribos de Batatais , uma cidade de pouco mais de 56 mil habitantes , um grupo que realmente espero que não se preocupe com o que eu penso , ou em acertar mas que não deixe de fazer melhor e com compromisso .
Agradeço o Projeto Ademar Guerra por me proporcionar esse momento,  tanto por mandar esses grupos para essas cidades em  circulação ,  mas também e muito por me mandar quinzenalmente uma pessoa de teatro , um cara que está me fazendo pensar muito e me cobrar como artista diariamente , e meu grupo ,que naturalmente se forma e  me fazem sentir vivo , com desejo de experimentar , descobrir , fazer , do jeito que estamos afim de fazer , da forma que é real pra mim neste momento .
Aos que me leem ( se é que existem ) ,  fiquem a vontade para que talvez seja  esse o longo começo de uma boa conversa , mas por favor antes de qualquer palavra : Não sejam mentirosos de si !

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Bloco da BLANCHE !








Registros do passeio que BLANCHE ! resolveu dar durante a Virada Cultural de Rio Preto . 
Ela foi de busão e foi lindo . 
Nas mais que belas fotos de Nathalie Gingold estão Milton Verderi , Ella França , Karine Conchal , Paulo Lemon , Mayara Mendes e esse que vos escreve mesmo sem saber se alguém me lê .

Ensaio


Me parece que todas as cenas são insucessos na vida da nossa personagem .
Momentos soltos , costurados no tempo , uma realidade inventada , como o amor de Cazuza .
Te vejo bela na janela de um casarão , sangrando no banheiro de uma boite , alucinada numa pista de dança e num pequeno palco cantando "Maybe this time" para um grupo não muito numeroso de homens e seus cigarros .
Vejo tristeza , ilusão , sorrisos que escondem e olhos que mostram tudo . Teus passos na passarela , uma imagem descolada de sua moldura , te vejo em mim .
No silêncio ,no escuro e na mais forte luz recortada num elipsoidal .
Não encontro suas fotos , mas guardo cartas de amor amareladas pelo tempo , cartas mentirosas escritas por suas mãos cada vez mais envelhecidas .
Uma diva perdida no meio de Divas que marcaram época enquanto me pergunto qual tua época , vai procurar tua turma BLANCHE !
Desculpe , devo ter perdido a cabeça por algum momento .
Te encontro às 15h naquele mesmo quintal , quero saber mais de você Srta Dubois .